sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

Hoje, há 98 anos, uma transmissão transatlântica marcava o nascimento do DX







11 de dezembro de 2019 marca o 98º aniversário do testes transatlânticos que a ARRL realizou em 1921, organizados para verificar se estações de radioamador de baixa potência poderiam ser ouvidas através do Atlântico usando frequências de ondas curtas (ou seja, acima de 200 metros, ou 1500 KHz). 

Nesse dia, uma mensagem transmitida por membros do Clube de Rádio da América, indicativo 1BCG, estação localizada em Greenwich, Connecticut, foi ouvida por Paul Godley, 2ZE, na Escócia, marcando a primeira vez em que sinais de um lado do Atlântico foram ouvidos do outro lado por estações de radioamadores.

Embora o primeiro contato bidirecional só iria acontecer em 1923, o sucesso da transmissão transatlântica de 1921 marcou o início do que se tornaria algo trivial entre os radioamadores americanos e os de outras partes do mundo. Literalmente, 11 de dezembro de 1921 marca o nascimento do DX. 

A maioria das transmissões experimentais comerciais em telegrafia sem fio antes da Primeira Guerra Mundial era realizada nos comprimentos de onda "longos", embora não fossem chamados assim na época. As transmissões de radioamadores no Reino Unido e nos EUA, por outro lado, eram feitas em torno de 200 metros (1500 KHz). Nos EUA, os operadores podiam transmitir com até 1.000 watts de potência em seus transmissores. 

Já no Reino Unido, a potência máxima permitida era de 10 watts, e havia restrições quanto às antenas: a altura do mastro e o comprimento do fio combinados não poderiam ser maiores que 30 metros. Por conta disso, na primeira tentativa de atravessar o Atlântico  em fevereiro de 1921, era natural que as estações americanas transmitissem e os europeus tentassem ouvir.

Cerca de 25 estações amadoras dos EUA participaram dos primeiros testes, que ocorreram no início da manhã nos dias 2, 4 e 6 de fevereiro de 1921. Embora cerca de 200 estações europeias tenham participado, nenhuma delas conseguiu ouvir algo que pudesse ser atribuído às transmissões americanas. O primeiro teste havia falhado.

Em setembro do mesmo ano, foi anunciado que um radioamador dos Estados Unidos, Paul Godley 2ZE, iria para a Europa para participar da segunda série de testes planejados para dezembro. Suas despesas estavam sendo pagas pela A.R.R.L. que já se orgulhava de ter 15.000 membros contribuintes. Nos EUA, distâncias acima de 3.000 quilômetros já haviam sido alcançadas.

Às 00:50 GMT de 9 de dezembro de 1921, sinais fracos da estação 1BCG foram ouvidos na Escócia pelo radioamador americano, mas não de forma satisfatória. Dois dias depois, finalmente foi ouvida a primeira mensagem completa transmitida por radioamadores dos EUA e recebida na Europa nas chamadas "ondas curtas". 

Foto da estação transmissora 1BCG

Após isso, oito radioamadores britânicos também copiaram a mensagem em outros locais do Reino Unido. Um deles foi Bill Corsham, 2UV de Willesden, Londres, que mais tarde seria conhecido como o inventor do cartão QSL. Bill utilizou um receptor simples com três válvulas e uma antena tipo L invertida com 30 metros de comprimento, tamanho muito inferior aos cerca de 100 metros de comprimento que 2ZE utilizou para sua recepção pioneira.
Registro original da mensagem recebida na Escócia

A transmissão, feita em CW em torno de 1300 KHz, mostrou o grande valor que as chamadas "ondas curtas" (na época, acima de 200 metros) poderiam ter para comunicações em distâncias continentais, ou, no caso, transoceânicas. Na época havia um mito de que frequências altas (o que, hoje, correspondem às faixas conhecidas de HF) seriam inúteis. Os radioamadores foram, assim, responsáveis pela popularização das ondas curtas, que tiveram nas décadas seguintes uma utilização extraordinária.

Em 2019, mais uma vez, para comemorar esse marco, a estação especial da ARRL W1AW estará no ar durante o dia 11 de dezembro para incentivar os contatos entre radioamadores nos EUA e na Europa, mostrando o significado das transmissões que foram pioneiras na comunicação global e lançaram as bases para a tecnologia amplamente usada atualmente. O evento será realizado das 13:00 às 00:00 UTC. 

Alguns detalhes ainda estão sendo elaborados, mas a operação se concentrará em 40 e 20 metros (SSB).

Fontes: 

http://www.arrl.org/news/w1aw-to-commemorate-98th-anniversary-of-first-amateur-radio-signals-to-span-the-atlantic http://www.internetwork.com/radio/n1bcg/
http://home.mweb.co.za/sa/salbu/aDawnOfAmateurRadio/chapt04.htm
http://www.amateurradio.eu/gm/silent-keys/2ze-paul-godley.html
http://www.arrl.org/news/commemorative-special-event-reenacts-1921-amateur-radio-transatlantic-reception

Propagação: detectados os primeiros sinais do próximo ciclo solar


Enquanto os radioamadores brasileiros comemoravam o seu dia, e a ECRA ia para a praça demonstrar nosso Hobby, um sutil fenômeno ocorria em nosso sol: uma pequena erupção solar, de nível B1, relativamente pequena: cerca de 1000 vezes mais fraca que o nível das erupções que ocorrem no auge de um ciclo solar. O Solar Dynamics Observatory da NASA registrou a explosão:



O que esta tímida explosão tem de especial? Segundo análises feitas por especialistas, trata-se dos primeiros sinais do Ciclo 25, o próximo. Como sabemos, estávamos no ciclo 24, mais especificamente, em seu ponto mais baixo, razão pela qual quem opera nas faixas de HF reclama tanto da falta de propagação. Porém, caso seja confirmada a forte suspeita, os dias de propagação "madrasta" estão contados.

Porém, vale salientar que isto não significa que o período atual de baixa atividade solar tenha acabado. Infelizmente, ele deve continuar por pelo menos mais um ano. Porém, felizmente, as indicações sugerem que o novo Ciclo Solar 25 está lentamente ganhando vida - um processo que se acelerará nos próximos anos. Se os meteorologistas estiverem corretos, as manchas solares do Ciclo Solar 25 acabarão por dominar o disco solar, trazendo um novo Máximo Solar já em 2023.

Grandes coisas têm pequenos começos. Quem sabe, daqui a alguns anos, quando estivermos com propagação aberta em todas as bandas, nos lembraremos do dia 05 de Novembro de 2019?

Usando um sistema marítimo para monitorar a propagação em 2m





Por: Alisson, PR7GA

Nas bandas de HF, a propagação é dada basicamente pelas condições da ionosfera, e esta por sua vez é formada pela radiação solar que atinge a Terra vinda das manchas solares. Já nas bandas altas, a propagação é ditada na maioria das vezes pelo clima e variações do tempo na atmosfera. Por isso, os DXistas das bandas altas observam com muito carinho as previsões de tempo, pois elas podem indicar uma bela abertura de propagação.


Porém, nos últimos tempos, os radioamadores têm observado também um sistema de radiocomunicação utilizada por barcos de todo o mundo como um elemento valiosíssimo para avaliar as condições sobre a banda de dois metros: é o AIS, ou Sistema de Identificação Automática.



O sistema AIS. Cada barco transmite dados sobre si mesmo para os demais, possibilitando "ver" onde cada um está e para onde está indo



Ele consiste em um transceptor que opera na faixa de 162 MHz recebendo e transmitindo dados sobre posição, rota e velocidade dos barcos, entre outras informações. Em cada navio ou barco, a parte de RF é igual: 12,5 watts de potência e uma antena plano-terra. Cada transponder recebe e envia dados continuamente, o que forma uma grande rede com os dados dos barcos num raio de 100 milhas náuticas, ou cerca de 180 km.

Qual a utilidade deste sistema para nós, radioamadores? Para os dados transmitidos, nenhuma, a não ser mera curiosidade de saber. Porém, observando o alcance destes sinais, o radioamador pode saber, em tempo real, como está a propagação em qualquer lugar do mundo onde exista um barco com este sistema. É como ter beacons distribuídos de forma mundial, e todos operando simultaneamente.

A observação dos sinais AIS foi o que ajudou a estação mundialmente famosa e Cabo Verde, D4C, a quebrar o recorde de distância de QSO várias vezes em meados de 2018. Como exemplo, em 05 de agosto de 2018, um contato em CW entre D4Z e EI3KD (Cabo Verde-Irlanda) marcou uma distância de 4163 km. Algumas semanas depois, em 25 de setembro de 2018, o recorde foi quebrado novamente quando D4Z fez contato com G3SMT (Inglaterra) em CW. Distância: 4436 km.

Para receber e utilizar os sinais AIS, Cabo Verde tem um receptor deste sistema funcionando 24h por dia. Isto permite ver as condições de propagação em tempo real, e quando uma abertura ocorre, eles vão para o rádio e começam a transmitir. Havendo alguém do outro lado do Atlântico ou em qualquer outro lugar que consiga ouvir a chamada, o contato é feito.

Isto é radioamadorismo!!!!

Fonte:

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