Regency TR-1: há 60 anos, o início de uma revolução
Embora as primeiras transmissões públicas de rádio tenham tido início por volta de 1920, foram necessários 34 anos até que fosse possível fabricar um receptor leve, compacto e que pudesse ser transportado com facilidade.
Até 1954, quem desejasse ouvir músicas ou notícias enquanto caminhava, deveria carregar um rádio valvulado, grande, pesado e que consumia rapidamente as baterias.
Na propaganda da Zenith abaixo, do ano de 1948, são mostrados dois rádios, que a fabricante informava serem portáteis. O menor pesava “apenas 5 ½ libras” (2,5 kg), conforme consta no anúncio, e só permitia captar emissoras de ondas médias.
O modelo maior é um Trans Oceanic modelo 8G005, com ondas médias e curtas. Era um rádio com alcance mundial, como o próprio nome sugeria. Não resta dúvida que é um clássico da sua época e objeto de desejo de qualquer colecionador. Seu tamanho e peso, porém, não ajudam. Mede 43 centímetros de frente, 28 cm de altura (com a tampa fechada), 20 cm de largura e pesa 8 kg – sem baterias. Para os padrões atuais, somente um halterofilista poderia chamar de “portátil” um rádio assim.
Cabe lembrar que os rádios portáteis valvulados daquela época apresentavam o inconveniente de utilizar duas baterias simultaneamente: a primeira, de 1,5 a 9 V (conforme o rádio), era usada para acender os filamentos e a segunda, de 67,5 a 90 V, alimentava as placas das válvulas. Embora a segunda bateria durasse bastante, a outra se consumia quase como o fogo consome a palha, pois alimentava, no mínimo, 4 válvulas (o Zenith grande da foto usava 8 válvulas!).
Em função do peso, tamanho e custo dos rádios portáteis valvulados, podemos imaginar que não eram objetos triviais e muito menos que as pessoas os levavam de um lado para outro com facilidade. Mas já estava em gestação uma revolução no mundo das comunicações e da eletrônica em geral, que não tardaria por chegar.
Em fins de 1947, John Bardeen, William Shockley e Walter Brattain, trabalhando nos Laboratórios Bell, em Murray Hill, New Jersey, inventaram o transistor, o que lhes rendeu o Prêmio Nobel de Física em 1956.
NASCE O REGENCY TR-1
Em maio de 1954, a empresa Texas Instruments, de Dallas, Texas, montou o protótipo de um rádio, utilizando transistores de sua fabricação, e começou a procurar um parceiro para desenvolver e comercializar o novo produto. Nenhum dos grandes fabricantes de rádios da época, entre eles a RCA, a Philco e a Emerson, manifestou interesse na novidade. Um homem audacioso, entretanto, chamado Ed Tudor, presidente da empresa Industrial Development Engineering Associates (I.D.E.A.) sediada em Indianapolis, Indiana, previu que poderia vender “20 milhões de rádios em três anos” e aceitou o desafio.
Na época, a Texas fabricava instrumentos para a indústria do petróleo e para a Marinha americana. A I.D.E.A., por sua vez, fabricava boosters para antenas de TV, por meio de sua divisão Regency. As duas empresas trabalharam juntas para fabricar o Regency TR-1; o primeiro rádio transistorizado produzido em larga escala, que foi anunciado em outubro de 1954 e colocado à venda no mês seguinte, pelo preço de US$ 49,95 – equivalentes a US$ 441,66 em 2014.
Para conseguir fabricar o rádio por esse preço, a Regency modificou o projeto original da Texas Instruments. Reduziu a quantidade de componentes, inclusive o número de transistores, que passaram de seis para quatro, o que afetou fortemente a sensibilidade do rádio, bem como a qualidade e potência do áudio. Como resultado, embora o design e tamanho do Regency TR-1 tenham agradado ao público, os comentários a respeito de seu desempenho foram desfavoráveis. A revista Consumer Electronics observou o alto nível de ruído e a instabilidade em certas frequências, deixando de recomendar a compra.
A única maneira de fazer funcionar os transistores primitivos era alimentá-los com uma voltagem elevada, próxima da tensão de ruptura entre o coletor e o emissor. Para tanto, foi necessário utilizar uma bateria de 22,5V, que permitia ao Regency TR-1 operar por 20 a 30 horas apenas. Era um avanço em relação aos rádios valvulados, mas ainda era um rádio caro de se usar. Mesmo com essas limitações e o alto preço, o Regency TR-1 vendeu aproximadamente 100 mil unidades nos 12 meses seguintes ao seu lançamento e cerca de 150 mil no total2. O público ansiava por novidades.
A fabricação do Regency TR-1 começou em 25 de outubro de 1954 e demandou a constituição de uma grande força-tarefa. Os transistores e transformadores eram feitos pela Texas Instruments, em Dallas. Os capacitores vinham do Tennessee, Pennsylvania e Wisconsin; o alto falante e a placa de circuito impresso de Illinois, os transformadores de FI vinham de Michigan, o potenciômetro de volume e a caixa plástica de Indiana, e o capacitor variável de New Jersey.
A emergência do rock and roll nos Estados Unidos ocorreu no mesmo ano do lançamento do Regency TR-1, conforme afirma Reyer, em seu site. O mundo da música e das comunicações nunca mais seria o mesmo.
Bibliografia:
1 http://www.usinflationcalculator.com/
2 http://en.wikipedia.org/wiki/Regency_TR-1
3 http://www.mequonsteve.com/regency/
2 http://en.wikipedia.org/wiki/Regency_TR-1
3 http://www.mequonsteve.com/regency/
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